Aylan

Até outro dia,

Menino e praia eram a imagem da alegria.

Não mais.

 

O mundo emborcou.

No oceano, infâncias ceifadas;

Na terra, fronteiras de ressaca.

 

Quem vestiu Aylan com as cores dos super-heróis?

 

Não brincou livre pelas ruas,

Não deu o primeiro beijo,

Não conheceu a paz.

 

Da família, restou o pai,

Retina engasgada na dor:

No inferno do mar, o filho lhe escapou das mãos.

 

Humanidade lavada pelas ondas,

Nas quais Direitos Humanos espumam nos discursos

Dos que enterram irmãos.

 

Humanidade, falhamos!

Reinventemo-nos rápido ou

Morreremos todos na praia.

 

(Primavera de 2015)

Ilustração: Google Imagens

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