Chape

Pode se contar uma história de várias maneiras. A fábula do trabalho duro recompensado seria uma delas. É interessante a saga de um time pequeno que, com raça e talento, migrou da Série D para a elite do futebol nacional. Tudo isso em menos de seis anos.

O momento de glória chegara. E a equipe estava pronta para participar da decisão da Copa Sul-Americana. Isso, por si só, já é um feito. Ganhar o título, claro, abrilhantaria ainda mais o final feliz esperado nas histórias. Um acidente aéreo pôs fim ao sonho.

E essa é outra maneira de se contar uma história: a dos sonhos espatifados no ar. Naquele avião, não havia apenas jogadores, comissão técnica, jornalistas, tripulantes. Também os sonhos fizeram check in.

O talento com a redonda, em um País que não se envergonha em tirar do jogo os nascidos em situações de fragilidade, faz jovens sonharem alto. Sonham em serem convocados para a Seleção Brasileira, em jogar no exterior ou ficarem ricos com contratos de publicidade. Há também sonhos mais bonitos, como “comprar uma casinha para a minha mãe”.

A beleza das atitudes é outra forma de se contar uma história. A minha favorita. A compaixão e a consequente grandiosidade de um gesto são impactantes. Como não se emocionar com a postura do “inimigo” de campo. Ao requerer à Conmebol o reconhecimento da equipe catarinense como campeã, o Atlético Nacional de Medellin dá uma lição ao planeta bola.

E não é só a taça. Ao campeão cabe o valor integral da premiação (cerca de dois milhões de dólares) e vaga na Copa Libertadores de 2017. Atitudes como a do time colombiano não tornam menos amargo o gosto da tragédia. Até porque, ela nos força a encarar nossa fragilidade, nossa finitude. Mas nos dão esperança.

Quando uma equipe de futebol mostra que o jogo mais bonito nem sempre é o jogado em campo consegue transmitir bons exemplos à sociedade e reacender o verde da esperança por dias melhores.

Martha Gonzalez

Imagem:exame.abril.com.br

(Primavera, 2016)

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