Kiara: # partiu coleira nova

PQP! Puxa que partiu!  Humanos, ô raça! Não conseguem nem colocar minha coleira direito.  Ô, ai de cima, num tá vendo? A coleira já era.  O fecho não segura mais! Lidar com ser humano é osso, viu?

Aí, não! Ela tá remendando a coleira. Que vergonha! E agora, como vou à rua? E se encontrar algum conhecido? É muita cachorrada! Tô precisando de coleirinha nova faz tempo. Todo dia o mesmo modelo. Agora, eu pergunto: elazinha quando sai para passear comigo usa as mesmas bijus sempre? Usa? Pois é! Também gosto de variar. São sem-noção esses humanos.

A culpa também é minha. Tanta gente naquela feira de adoção e fiquei com ela. Aquele tênis usado, me encantou. O cheirinho, o despojamento. Pensei: esse, vou poder roer até… Joguei meu olhar 43, ela se encantou e aqui estou. Acredita até hoje ter me escolhido. Tolinha! Mas, deixa quieto. Já são tão cheios de frustrações esses humanos. Ao menos, a gente dá alguma alegria.

Hahaha! Não conseguiu emendar a coleira. Tô salva do vexame. E melhor: ganho uma mais moderna. Espero o bom senso de, agora, ela comprar uma de cintura. Esses modelos de pescoço, além de machucarem, são antigos e cafonas.

Lembro minha mãe contando historinhas para a ninhada dormir. Adorava aquela da modelo — como era mesmo seu nome? Luna? Lulu? Ah! Deixa pra lá —. Ela, durante um desfile de Carnaval, usou uma com o nome do marido-empresário. Nonsense! É um comportamento tão antigo que ela nem é mais modelo, ele nem é mais marido, muito menos empresário. Essa história já soou ridícula na época, mas eu pedia para mamãe repetir. Sempre gostei do gênero realismo fantástico. E os humanos, vamos combinar, são ótimos nisso. Enfim, esse espartilho de pescoço está out!

#partiucoleiranova.

Martha Aurélia Gonzalez escreve, quinzenalmente, no www.clubedecronicas.com.br

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