Ela, a médica

(Essa crônica é um discurso em homenagem a uma amiga muito querida)

Ela é não é meio; ela é inteiramente mulher: filha, irmã, amiga, colega, aluna, profissional e… Bom, ela é, naturalmente, médica por completo. Antes de entrar para a faculdade de Medicina, antes de passar por diversos obstáculos para estudar os preceitos de uma profissão tão honrada, já manifestava a arte de ser médica.

Conhecemos bem a diferença entre ser médico e ser formado em Medicina. E, posso dizer, ela é exatamente a notória citação: “Para o corpo doente é necessário o médico; para a alma, o amigo: a palavra afetuosa sabe curar a dor.”

Então, afirmo ser uma de suas primeiras pacientes, pois, em um dos períodos mais delicados de minha vida, foi minhas pernas quando eu não podia caminhar. Ela é capaz de lhe mostrar a verdadeira amizade não ter preço e pode surgir do momento mais inesperado sem medir esforço algum.

Sim, ela não é nem um pouco convencional, sendo até desbocada, às vezes. E daí? Este é o barato de ser quem ela é. Ela é Ohana. E relembro a frase dita pelo personagem Lilo Pelekai no filme “Lilo e Stitch”: “Ohana quer dizer família. Família quer dizer nunca mais abandonar, ou esquecer.”

Repito: ela é família. Com ela, Denise e Ellen, constituímos a união entre moças completamente diversas com o intuito de evoluir manifestando a essência dos laços fraternos.

Sobre evolução do exercício profissional da Medicina, Hipócrates afirma a integridade da vida, a assistência aos doentes e o desprezo pela sua própria pessoa como os deveres do médico para com o professor e com a sua profissão.

Pois bem! Mesmo com um caminho longo para percorrer, ela será capaz de honrar, reconhecer e respeitar seus professores e colegas, e saberá exercer a arte da Medicina com consciência e dignidade. Portanto, cogito, para ela e todos os seus colegas e mestres, um trecho do juramento do filósofo Maimonides:

“Infunda em mim amor pela minha arte e por suas criaturas. Não deixe que a sede de lucro, a ambição de ser conhecido e admirado, atrapalhe minha profissão, uma vez que estes são os inimigos da verdade e do amor pela humanidade e poderiam me desencaminhar da grande tarefa de me dedicar ao bem-estar de suas criaturas.”

Que assim seja, em gratidão e amor por um ser tão especial. Ah, quem é ela? Nicássia Moro Roce, a melhor médica do mundo.

Junho de 2018

Edsandra Carneiro escreve, quinzenalmente, no Clube de Crônicas.

Imagem: Marcelo Leal em Unplash