Addio, Bellos! Non ti vedremo in Rússia

 

Assistir a uma seleção tetracampeã pisar na bola mexe até com uma torcedora quadrienal. Como assim a Itália não vai à Copa? E Buffon? Não é triste que  o melhor goleiro do mundo perca a chance de jogar seu último campeonato mundial?

Falando em jogadores, o elenco italiano sempre parece saído de um filme. A vida é bela e eles também. Fica o registro: no quesito lindeza, houve uma baixa significativa nos jogos. Mas, com perdão do trocadilho, a coisa ficou feia mesmo foi para Ventura. Nem a torcida, nem a imprensa lhe darão uma dolce vita.

Não sou capaz de opinar sobre as razões que levaram a esquadra Azzurra a esse resultado. Ouvir frases como: deveria ter-se usado 4-2-4 em vez de 3-5-2, me remetem de imediato a linha de ônibus. Só depois, Tico lembra a Teco sobre esquemas de jogo.

Os jornais europeus deram enorme destaque à derrota italiana. O mesmo aqui no Brasil. As redes sociais, um  showzinho à parte: “Sem Holanda e sem Itália, a Copa é nossa” ,“Perdeu a chance do penta e de igualar-se ao Brasil” e “Chuuuupa, Paulo Rossi”.

Esse tipo de comemoração de alguns é mais triste que o choro dos jogadores italianos. Para mim, gostar de futebol implica apreciar boas jogadas, se encantar com os caminhos da bola em pés talentosos e respeitar o time rival. Usar não só o corpo, mas também a cabeça e entender que só adversários fortes nos engrandecem.

Repete-se no futebol o que acontece na vida. Nos tornamos melhores à medida que superamos com garra e ética os adversários, as dificuldades. Ganhar só por ganhar não é vencer.

Bem, esse não é um texto sobre futebol, muito menos de autoajuda. Acredito, no entanto, que acompanhada de um bom vinho, a  discussão sobre a desclassificação da Itália possa render algumas reflexões.

Entre elas, a de que estamos presos as nossas crenças mais do que  admitimos. Não passava pela cabeça da maioria a possibilidade de a terceira seleção nacional com mais participações em Copas do Mundo  ficar fora da disputa.

A desclassificação da Itália é o resultado perturbador. Apontando assim, que precisamos mudar paradigmas. Vem cá, ninguém vai falar nada da campanha vitoriosa da Suécia, não?

 

Martha Aurélia Gonzalez escreve, quinzenalmente no Clube de Crônicas e torce pelo sucesso do Brasil na Copa do Mundo

imagem: www.jn.pt

 

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