Fake news? Fala sério

Sabe a Suécia? É, a Suécia, aquele país onde chocolates são verdadeiras obras de arte e são produzidos relógios de dar água na boca.

Se você mentalmente respondeu um “Sei, sei”, das duas uma: ou leu sem prestar atenção ou confundiu Suécia com Suíça. Caso não tenha caído nessa doce, mas imprecisa, armadilha, parabéns! Mas não saia cantando vitória nem menosprezando os mais desligados.

A ciência está tratando de explicar o porquê de algumas pessoas serem mais atentas do que outras e como isso as predispõe a acreditarem, ou não, nas fake news — em bom Português, notícias falsas.

Em primeiro lugar, não tem nada a ver com inteligência ou bagagem cultural. Especialistas da Universidade de Pretendlie, no Sul da Escócia, estudaram a reação dos trabalhadores de uma fábrica de destilados frente às informações divulgadas pela Internet. Durante 14 anos, acompanharam o comportamento de 100 pessoas desde a infância.

A descoberta pode fazer papais e mamães mudarem, a partir de agora, a maneira como posicionam seus filhos nos carrinhos de bebê. Segundo especialistas, os nenéns que podiam olhar para a rua ao passear se revelaram mais sagazes em detectar uma notícia falsa.

A explicação dos psicólogos é simples: desde cedo, os pequenos foram acostumados a uma gama maior de informações, desenvolvendo, assim, uma espécie de olhar mais atento sobre as coisas.

Além do mais, nesta posição, por estarem atrás empurrando o carrinho, os pais saem do campo visual do bebê. Ao acreditarem não contar com a proteção de um adulto, uma espécie de sistema de defesa começa a se desenvolver precocemente na criança, ficando ela mais atenta a possíveis situações de perigo.

Já os bebês passeando com o rosto virado para os pais, olham sempre a mesma imagem, ficando mais dispersivos. Além disso, adultos costumam enviar mensagens de carinho para os filhos, seja através do olhar ou jogando beijos.

Nessa posição, ficam, também, mais atentos às necessidades do rebento, e estas são prontamente atendidas. Assim, esses nenéns acreditam em um mundo mais confiável, tal como são seus pais.

Se você achou interessante essa notícia, por favor não a divulgue como verdade, pois trata-se de uma brincadeira nossa. Sim, acabei de criar uma fake news, mas tenho bons propósitos.

O primeiro é o de nos divertirmos um pouco. Eu escrevendo e você lendo. Em um País de poucos leitores, você sabe, conto com sua parceria. E, não me diga, meu amigo, que se sentiu traído. Afinal, deixei duas pistas.

Universidade de Pretendlie? Em inglês, pretend significa fingir e lie, mentira. Apenas juntei as duas palavrinhas, ok?

Ah! Tá. Você não está com seu inglês em dia. O que me diz, então, de uma pesquisa acompanhar trabalhadores por 14 anos, desde bebê. Na Escócia, também não é permitido o trabalho a menores de 14 anos.

Relaxa. Acontece com qualquer um: estamos distraídos e cabuuum, compramos gato por lebre. Ah! Você desconfiou dessa história? Beleza, mas, confessa: até que pareceu ter algum sentido, não?

Na verdade, a brincadeira é uma maneira de lembrar a importância de ficarmos atentos às informações recebidas, principalmente durante um ano eleitoral. Qualquer um pode criar uma fake new com alguma razoabilidade.

E as campanhas estarão nas redes sociais. Os interesses são muitos e o que está em jogo não é coisa de criança. Assim, toda notícia precisa ser lida com um pouco de desconfiança. Ainda que se apresentem saborosas como um chocolate ou pareçam confiáveis como um relógio suíço.

Afinal, não somos mais bebês para deixarmos qualquer um nos empurrar para o caminho que não nos interessa. Depois, não adianta chorar: não vai ter colo.

Martha Aurélia Gonzalez escreve,quinzenalmente, às quartas-feiras no www.clubedecronicas.com.br

Imagem: www.jornalconexaoverdade.com

Alto verão, 2018